Is it human to adore life?, pergunta Jehnny Beth, a vocalista de Savages, repetindo quase ininterruptamente, como se desbravasse caminho para a resposta final.
A complexidade desta música está precisamente aí, nessa repetição quase maníaca. Aqueles que estavam no concerto do quarteto britânico pós-punk no NOS Alive 17, assistiam à postura de Jehnny que crescia em estatura em direção ao refrão. No expoente máximo, atingiu o estado vulnerável e contraditório de ser humano para descobrir exatamente o que é que isso significa.
Face a todo o sofrimento que define a experiência humana, é justo questionar se há algo de perverso em encontrar prazer na volatilidade da vida. O amor, na visão de Beth, é um poderoso ato de emancipação, bem como uma sugestão de que não precisamos da crueldade para viver. I adore life/ I adore life/ Do you adore life? , continuamente a repetir, Savages desafiam assim o ouvinte a assumir o lado dos justos.
Texto: Teresa Melo