A Oficina Loba é um gigantesco playground cromático de ideias. Este estúdio especializado em serigrafia é o lugar certo para quem quer ligar versatilidade e experimentação à beleza da impressão manual.
Desenganem-se os desacreditados, porque as coincidências existem mesmo. Dois Gonçalos (um Duarte, o outro Constanza), ambos músicos, ilustradores e printmakers, profundamente atingidos e influenciados pelo carácter palpável da impressão, conhecem-se através de amigos em comum. “Na altura o Gonçalo (Duarte) estava na Stolen Books e a precisar de ajudar foi aí que começamos a trabalhar os dois juntos. Depois, decidimos começar uma coisa nossa”, conta Constanza.
O início deste ano deu o mote. A impressão dos trabalhos individuais deste duo de criadores, os workshops e as peças comissionadas são os três vértices que de momento suportam a base do projecto. No primeiro andar dos Anjos70, valoriza-se a criatividade não só de designers, ilustradores e outros artistas, o DIY, mas também a curiosidade dos entusiastas cativados pelas qualidades tácteis das diferentes matérias e, sobretudo, pelos resultados imprevisíveis que está técnica brinda. Posters, tote bags e t-shirts, uns arrojados, outros minimalistas. Com mais ou menos referências, premeia-se a excentricidade urbana e dos seus colectivos.
As colaborações e parcerias com a Oficina Loba expandem-se maioritariamente no circuito musical independente. A avença mensal com os Anjos70, a elaboração de cartazes para as Damas e para festivais como o Rama Em Flor, Zigurfest, Geração Suave ou o merchandise para produtora Maternidade e para a editora discográfica Cafetra Records, são só alguns exemplos. Continua a haver interesse em produzir e o hábito anda de mãos dadas com a necessidade de promoção desses mesmos lugares, pessoas e intervenções criativas.
Saudades do passado ou preparação do futuro?
Em pleno advento de uma cultura que privilegia a tecnologia e o consumo massificado, “a impressão perdeu muito valor e agora é quase, não quero dizer fetiche, mas como um déjà vu”, acrescenta o Duarte. “O futuro é um bocado assustador. Nós não sabemos o que vai acontecer a seguir e isso agarra-nos ao passado. Há esse medo que as coisas acabem”. Talvez por isso, a preferência recai nos formas e tamanhos mais flexíveis e acessíveis.
“Como a habitação está tão vulnerável e inconstante, moras num sitio e para o ano já não sabes se vais continuar nessa casa, ter uma serigrafia emoldurada em casa parecendo que não, pode ser um entrave e é mais difícil de transportar do que um saco, por exemplo”, diz Constanza.
Não importa o quão forte é a tecnologia digital, a serigrafia continua a ser um dos métodos tradicionais de predilecção. “Quase toda a gente tem a reacção, a de tocar. Porque realmente consegue-se um resultado totalmente diferente do digital, que é perfeito, mas não tem brilho.”, explica Duarte. Quer pelo método, quer pela autenticidade. Testar as formas simples, as composições e as cores vibrantes. Movimentar a tinta. A Oficina Loba tem tudo isso. A impressão, o formato, ilustração, a ferramenta.
No dia 18 de outubro, quinta-feira, a partir das 18h, o Cocktail Party da Oficina Loba vai voltar a agitar os Anjos70. Há serigrafia ao vivo, prints, música e amigos fixes na festa! Tudo aqui: https://bit.ly/2yjf6IM
acompanha o trabalho da Oficina Loba no facebook: @oficinaloba
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por: Teresa Melo
fotografia: Oficina Loba