Na régie com: Bruno Xisto

Bruno Xisto não se recorda com rigor a data quando passou a integrar a equipa do Black Sheep Studios, mas já lá vão alguns anos. Aos 35 anos é técnico de som a tempo inteiro, e garante que todos os trabalhos que concretizou como assistente, técnico e misturador são o resultado do somatório de todas as experiências com as bandas com quem já trabalhou até hoje, todas elas importantes.

O convívio basilar com a música foi, naturalmente, em casa. A minha mãe costumava cantar para mim quando era pequeno e a minha avó materna cantarolava pela casa: são as minhas primeiras memórias musicais, recorda.

No entanto, a ocasião mais significativa surgiu na adolescência. Tinha 14 ou 15 anos e estava com alguns colegas no intervalo quando ouvi o som de alguém a tocar bateria, vinha da sala de música, era aluno e estava a praticar, conta. Pedi para experimentar e lá dei para lá uns toques meio descoordenados. Gostei tanto que não descansei enquanto não encontrei quem me acompanhasse a tocar baixo e guitarra.

Estreou-se finalmente na bateria, pois era uma forma de me relacionar com a música, justifica Bruno: grande parte das bandas precisam de gravar e as minhas não eram exceção. Desde a gravação das demos em salas de ensaios aos EPs em estúdios profissionais, tudo me fascinava, havia qualquer coisa muito especial naquele processo e naqueles momentos passados em estúdio à procura de registrar a melhor performance possível.

No momento da decisão, admite que a vontade oscilou entre a bateria e o estúdio. O estúdio ganhou. Frequentei um curso técnico e comecei a trabalhar em estúdio como assistente e mais tarde como técnico. Depois de tirar o curso geral de som na ETIC, eu e o baixista decidimos construir o nosso próprio estúdio de gravação: após muitas obras e horas a soldar cabos lá produzimos o EP da nossa banda.

Acostumado ao Black Sheep Studios - sempre esteve presente na minha passagem pela música, já cá gravei e ensaiei enquanto baterista e sempre gostei da filosofia do estúdio e do modo de estar do BB - reconhece que já passou algum tempo desde que contactou o BB para a possibilidade numa colaboração. Felizmente a feedback foi positivo, revela.

Atualmente, dedica a maior parte do seu tempo a captar e a misturar música, mas também dedico muitas horas a experimentar o equipamento que nos é generosamente colocado à disposição pelo BB. A lista de equipamento e respetivas combinações parecem infinitas, mas eu sou muito curioso e quero ouvir tudo, demore o tempo que demorar. No que toca ao seu portfolio, especificamente no Black Sheep Studios, seria impossível enumerar todas as bandas e projetos que lhe passaram pelas mãos, já que é um estúdio muito ativo e solicitado, por esse motivo a lista seria demasiado extensa e prefiro não destacar ninguém.

Mesmo fora do Black Sheep Studios, o foco direciona-se em exclusivo para o trabalho de estúdio. E admite que, esporadicamente trabalho em concertos, mas não tenho dúvidas que é do estúdio que retiro a maior parte da minha realização profissional.

Texto: Teresa Melo
Fotografia: David Madeira

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