Let it Groove!: Entrevista a Pipó Teixeira

O Luís Filipe Teixeira – o Pipó – colocou o corpo e o coração para criar e elevar aquele que seria uma das empresas mais especiais do mercado musical português: chama-se Groove It Up e distingue-se pela venda exclusiva de instrumentos de percussão e baterias.

O amor pela música chegou cedo até si. Começou numa banda com os seus primos na qual tocava baixo, mas sempre tive um bichinho pela bateria, admite. O meu tio era o baterista e quando saía para fazer uma pausa, lá ia eu para a bateria.

Formado em Estudos Ingleses e Americanos pela FLUL - o que lhe facilitou o domínio da língua e, consequentemente, a exportar as suas marcas - encaminhou-se facilmente para o desejo antigo de ter o seu próprio negócio. Senti que havia uma brecha nesta área especializada da bateria e, no dia do meu aniversário, fui até à Conservatória e criei a empresa, refere. A empresa começou apenas como loja online: eu trabalhava no meu quarto, com quatro marcas pequeninas, lá recebia uma encomenda e ia a correr aos correios todo contente. As coisas funcionaram, as pessoas aderiram e estou muito grato por todos os que me apoiaram neste percurso.

Naturalmente, essas marcas evoluíram e seguiram outro rumo. Neste momento, represento a Canopus Drums. É japonesa e mantive a marca desde o dia 1 que criei a empresa até hoje. E acrescenta, desde que fiz esta passagem para criar as minhas próprias marcas, comecei a lidar com um mundo um bocadinho diferente: continuo com a loja – e quero continuar - mas estou focado a 200% nas minhas marcas porque felizmente têm sucesso e estão sempre a crescer.

A certa altura, a necessidade de abrir uma loja física dominou. Eu vendia os acessórios muito bem via online, mas quando os meus clientes queriam testar um prato ou uma bateria, não tinha essa facilidade. Numa garagem em Mem Martins, perto dos Black Sheep Studios, era aí que guardava algumas caixas com baterias para experimentar. Posteriormente, abriu o seu espaço no complexo dos Nirvana Studios, onde ainda se mantém.

Groove It Up distingue-se não só pelo seu perfil especializado. Segundo o Pipó, tenho noção clara do que se passa no mundo da bateria e, por isso, procuro dar assistência e tentar chegar com facilidade a um cliente que, por exemplo, quer montar uma bateria diferente e eu perceber claramente a sua ideia e conseguir oferecer o produto final como ele pensou. Em oito anos nunca ouvi um cliente a queixar-se. Não tive isso e não quero ter. Eu quero é que o cliente saia satisfeito daqui, criar laços de amizade. E aconselhar sempre com honestidade.

Corajoso e entusiasta, Pipó aventurou-se na sua primeira marca a sério com a Groove Cymbals. Desenvolvo tudo aqui e está lançada em modo cruzeiro. A seguir, foi a vez da marca de baterias e tarolas, a Groove Drum Company, a mais engraçada e que excedeu completamente as minhas expectativas. E conta:

Eu tinha noção que conseguiria fazer estes instrumentos de madeira e experimentei fazer uma tarola. Senti que soava bem e, há um dia que tinha a tarola montada numa bateria. Veio aqui à loja o João Só e o Rui Veloso. O João começou a tocar na bateria com essa tarola que eu tinha construído e disse ao Rui, “Oh Rui, anda só aqui ver essa tarola”. E eles perguntaram o que é que era aquilo. “Olha é uma tarola que eu experimentei fazer para brincar”, disse. E o Rui virou-se para mim “quanto é que queres por isto?”. Fiz umas contas e ele levou-a. Essa tarola está farta de gravar lá no estúdio Vale de Lobos.

Diariamente na oficina a construir, Pipó soma já 113 tarolas feitas, vou na bateria nº 32 e nem nos meus maiores sonhos poderia pensar que esta marca poderia ser o que é. Malásia, Noruega, Espanha...o mercado está a abrir-lhe as portas e em plena difusão. É uma coisa que eu faço com um prazer gigante. Acho que tenho um produto final super equilibrado e tenho muitos bateristas na estrada com o meu material.

Pipó não se fica por aqui. O próximo passo será a Groove Drums Sticks, uma marca de baquetas 100% feita em Portugal. Tenho dado alguns pares a pessoas de confiança e o feedback tem sido “por favor continua, não há nada a temer relativamente a isto”. A sua determinação leva-o a querer mais e afirma: quero ter todas as variantes de uma marca de bateria uma só marca e é essa a ambição.

Manter uma loja com esta especificidade é uma tarefa simples? A sua resposta é não. Infelizmente, há uma tendência clara para comprar lá fora. E eu tento compreender isso e não compreendo, porque não é uma questão de preço, é uma questão de hábito cultural. Se eu não vender a um baterista ou percussionista, não vendo, então essa é a minha maior dificuldade.

Graças a um desenvolvimento e adesão estupenda, as minhas marcas estão numa espiral completa de exportação e então é isso que me alimenta e que alimenta a loja para continuar. A loja, de facto, faz-me pensar duas e três vezes se valerá a pena porque as vendas são muito diminutas. Felizmente tenho um core de clientes fiéis. É um mercado que chega a um ponto, fica estagnado porque não há clientes novos a querer comprar. O truque da sua gestão? Comprar bem para vender bem.

Sinto que as pessoas que estão comigo, que acreditam no meu trabalho e nas minhas marcas vão acompanhar-me durante muitos anos e eu estou muito grato, por me apoiarem. Na sua humildade, termina: obviamente que faço o meu trabalho, mas sem os meus artistas, as coisas nunca funcionariam. São eles que mostram o meu trabalho, são eles que fazem esse trabalho de publicitar a marca. Eu só tenho é que lhes dar bom material.

http://www.grooveitup.pt
http://www.groovecymbals.com
http://www.groovedrumco.com

Texto: Teresa Melo

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