Porque nos importa tanto apoiar a nova música portuguesa? Em conversa com Carlos Bb

Há tantas maneiras de fazer música, como de a apoiar. Carlos Bb, responsável pelo BlackSheep Studios e músico, faz da vontade o mote do seu trabalho e di-lo com a maior simplicidade:

Bandas em quem eu acredito e que acho que têm potencial são bandas que eu dou um empurrão. Quando me identifico, digo que quero por o meu selo aí, senão não o faço.

Estratagemas não existem. Antes a perspicácia para perceber qual a melhor orientação. Acompanhar, apresentar às pessoas certas e guiar ao rumo do caminho mais proveitoso:

Para além do trabalho normal do estúdio, há muita coisa que se passa nos bastidores e que as pessoas de fora não sabem. Emprestar backline para as bandas tocarem em concerto (aconteceu com os The Poppers, por exemplo), a artistas estrangeiros em festivais como Paredes de Coura (lembro-me do Father Jotn Misty!) ou do Lisbon Psy Fest. Também emprestamos acessórios para videoclipes e sessões fotográficas. É mais neste sentido que funcionamos em termos de apoio. refere. À lista, somam-se ainda os contactos para o aluguer de carrinhas, promotores e agenciamento.

Embora não tivesse sido o primeiro, o acompanhamento aos Them Flying Monkeys foi o projecto mais complexo apoiado pelo estúdio e que culminou na gravação de um álbum e de dois telediscos. Há muitas bandas que nos procuram com esse intuito e eles foram uma delas, conta. Como profissional na área, é muito gratificante receber pessoas que nos querem com esse propósito. Que vem ter connosco porque acreditam no que fazemos. Isso dá-nos alento para continuar a trabalhar neste sentido.

A partir daí, cada fase foi superada com espontaneidade:

Os Them Flying Monkeys costumavam ensaiar na nossa sala de ensaios e aí, já os guiava relativamente ao rumo musical, ajudando em tudo o que podia. Neste caso, se não me conhecessem, dificilmente fariam um videoclip ou a imagem do disco. Daí a importância dos nossos contactos. Foram pessoas que não trabalham directamente connosco, mas que estão ligadas a nós que fizeram possível que isso acontecesse. Por exemplo, Molly e Halos foram realizados pela Leonor Bettencourt e produzidos pela Sara Feio, também directora artística dos mesmos. O primeiro single foi filmado em minha casa e acompanhei a direcção cénica.

Num país onde a música continua a ser colocada num plano inferior, a intenção aqui está na inclusão em vez do afastamento. Com olhos sempre postos no futuro, no Black Sheep Studios aposta-se na música em Portugal, porque a convicção de que o talento existe é verdadeira e prevalece. Quem vem trabalhar connosco tem de ter essa mentalidade: estamos aqui para ajudar as bandas. E há esse lado emocional importante e necessário. E, por isso, merecem sempre a nossa atenção total.

Texto: Teresa Melo
Fotografia: Videocreep

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