É de esperar que a quantidade de tralha que acumulamos pela vida seja proporcional à nossa idade, right?
Well… Aos 16 anos já tinha mrda kitsch o suficiente para despachar na Feira da Ladra. Não era por querer, era porque a *mommy said so, e ai!, como me doía dizer adeus! Principalmente porque a maior parte das coisas já era vintage ou em 2ª mão, fazendo da minha venda a 3ª mão. Not right!
“Leonor, quero apresentar-te uma pessoa que faz o que tu queres fazer!” disse a minha mãe. E foi assim que conheci o Edgar Pêra, numa manhã de desapego, na Feira da Ladra. Falámos pouco, mas eu já sabia muito sobre o “Homem-Kâmara” dos tempos em que a minha mãe ia ao Frágil e ao Rock Rendez-Vous, que havia filmado toda a gente relevantemente “fora”, durante os anos 80. Aliás, eu sabia o suficiente para saber que era por ali.
Até hoje, pouko komprometeu a sua yndependêncya e a sua vysão myx (acordo ortográfico Pêra), rejeitando lobismos, tendências visuais ou o politicamente correto. O seu trabalho é raw, extremamente autoral e muito punk.
Adivinhem! Mommy was right after all.
Estou quase a fazer 25 anos, continuo a ter imensa tralha, muita dela em gyga bytes de proto-filmes que a internet nunca há de ver. Atualmente já tenho propósitos mais concretos do que apenas gravar e insisto em profissionalizar, coisa que provavelmente me trouxe à Antena 3, onde tenho o privilégio de realizar à Homem-Kâmera e estar rodeada da minha segunda paixão, a música. A primeira é a tralha, não se enganem.
Tudo isto para deixar aqui um apelo: BRING Punk Is Not Daddy BACK! Falo de um filme que conta uma fatia crucial da história da cultura portuguesa. A cena New Wave está toda lá!
Algures entre o realizador, a Bando à Parte ou Rodrigo Areias, estão os direitos para eventuais edições em DVD. E mais não sei. Sei que há muitos como eu que se apresentariam pelo menos numa sessão (de culto) para ver um documento sincero, montado com vídeo-diários na primeira pessoa sobre a Lisboa e Madrid, sobre a música, o cinema e a política entre 1981-1991.
Edgar Pêra e Rodrigo Areias, vamos fazer esta sessão acontecer?
Por: Leonor Bettencourt Loureiro, realizadora // http://cargocollective.com/LBL