Omnichord Records: A única verdade é a Música

O Hugo Ferreira começou a traçar o seu percurso em tempos de miúdo. Mal sabia que a conexão entre um projeto de rádio, um jornal e uma associação de estudantes seria o local da partida para a criação da Omnichord Records.

Foi há precisamente 5 anos que em Leiria nascia uma das editoras de música de referência do país. O impulso foi natural, já que havia um movimento artístico com várias bandas a formarem-se e a precisarem que se fizesse algo que pudesse editar, representar e tratar de quase todas as questões que são necessárias para lá de tocar.

As condições pareciam confluir para a mesma direção. Enquanto o Ramon (João Santos, dos Allstar Project e Twin Transisitors) montava um estúdio na casa da sua avó, eu tinha uma vontade imensa de criar algo local a partir dos exemplos que tinha conhecido da Islândia e de Manchester.  Os primeiros foram os Nice Weather For Ducks em 2011. Seguiram-se os First Breath After Coma e o André Barros. Juntaram-se os Born A Lion, formam-se os Few Fingers, os Bússola e os Les Crazy Coconuts e, nos últimos anos, chegaram os Twin Transisitors, os Whales e a Surma.  

A edição dos discos, o management, o agenciamento, a promoção, a produção de vídeo e a representação dos artistas nacional e internacionalmente tornam a Omnichord Records numa editora exímia. A ideia é ser um conceito 360º que avança com o que o artista precisar. Nas suas palavras, as editoras são famílias de músicos e muitas vezes acabam por partilhar muita coisa entre si. Caracteriza-se pela humildade, união e revela que para já só trabalhamos com artistas e bandas de cá, que adoramos e das quais somos fãs.

Embora se assista a um momento determinante e de plena ascensão da indústria portuguesa, na realidade os músicos continuam a deparar-se com condições muito precárias para tocar e promover o que fazem em Portugal. Para o Hugo - que nos últimos anos se envolveu a fundo na Associação de Músicos, Artistas e Editoras Independentes (AMAEI) e também na fundação e direção da Why Portugal - considera os apoios com compensações bem definidas para os criadores e seus intérpretes, uma prioridade. Esta geração tem muita dificuldade em sobreviver da sua música e oferece muito mais ao país do que o que o país lhe dá em troca.

As perspetivas estabelecem-se nos objetivos. Tentar continuar a trabalhar o melhor possível e manter a força e a dedicação à música. Tentar que os projetos cheguem cada vez mais longe, consolidar cá e continuar a batalhar na internacionalização. A chave está na persistência e na vontade em estabelecer algo realmente genuíno. Para quem está a dar os seus primeiros passos, copiar os outros não é um caminho interessante e tentar criar hits por norma não resulta de repente.

À perseverança adita o rigor e a estratégia. Pensem que um músico hoje tem que ser, acima de tudo, um empresário no sentido em que tem que tomar conta do seu negócio: cultivar contactos, fundamentar as metas e trabalhar permanentemente. O indispensável? As pessoas, as que o rodeiam e as que gostam da sua música. E todas as outras são um mar imenso à espera de ser navegado. Mas se não derem aos remos não saem do mesmo lugar ou vão apenas ao sabor da corrente

Texto: Teresa Melo

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