Why Portugal: A música perdeu o medo de arriscar

Entre festivais, conferências e showcases, a questão repete-se: why Portugal?. Neste processo de transição tão radioso, a resposta fundamenta-se com uma série de elementos que convergem na mesma direção. Se numa frase tivesse que dizer o que é que aconteceu seria “finalmente Portugal percebeu que estava pronto”. Quem o diz é a Ana Rita Feijão, coordenadora executiva do Why Portugal.

A criação desta plataforma agregadora de profissionais da música surgiu no seio do grupo de trabalho da Associação de Músicos, Artistas e Editoras Independentes (AMAEI). Segundo a Ana Rita, a AMAEI já congregava grupos independentes de artistas e das editoras, mas a vontade seria a organização de algo onde fosse possível abranger todo o sector.

A Why Portugal funciona com um “cluster” da indústria musical portuguesa. A estrutura que pretende levar para fora de portas não só as criações culturais, mas também o seu background trabalha sobretudo em duas vertentes: a importação e a exportação.

O modelo de ação não é novo no seio da Europa, mas é inédito em Portugal. Através da realização das designadas missões de prospeção, o foco passa pela divulgação e abrangência ao máximo do trabalho realizado. Recentemente integrado no European Music Export Exchange (EMEE), existe um percurso a desbravar não só em Portugal, mas também a nível europeu e internacional, no qual se percebeu o benefício em trabalhar em rede para canalizar recursos e aprofundar as relações dentro e fora da união europeia.

De norte a sul e de dentro para fora do país, a intenção é passar a informação. Sempre com o objetivo da internacionalização, a Why Portugal quer criar os suportes e partilha-los junto dos seus associados e também da indústria em geral.

Neste contexto, vale a pena relembrar a presença de Portugal na 30ª edição do Eurosonic Noorderslag. Nós damos este exemplo porque foi a nossa primeira missão e foi a que mais sucesso teve. O festival queria fazer um country focus em Portugal, mas não tinha uma entidade que pudesse ter esse pilar em território português., justifica.

Nestes eventos de maior dimensão, há espaço para todos: bandas, artistas, agentes de booking ou de management, estúdios ou produtores de festivais. Reunidos os esforços, a Why Portugal foi uma forma de demostrar que essa possibilidade era mesmo real. Falando em números, houve 275 inscrições de bandas portuguesa, ou seja, não nos falta material para internacionalizar. Fomos o primeiro país do country focus com mais showcases até ao momento.

No Eurosonic Noorderslag participaram 23 projetos portugueses, mas ir tem os seus custos. Definir prioridades, fixar objetivos e perceber que ferramentas são necessárias para tirar o maior proveito desta viagem fazem da profissionalização uma das bandeiras da Why Portugal. É preciso haver uma entidade que tenha conhecimento e que saiba que pode fazer esse trabalho cá, diz a Ana Rita.

As expectativas são boas e é importante perceber que o interesse em Portugal é recíproco, interna e externamente. A nível económico a diferença é inquestionável. O retorno para o país será sempre o de reconhecimento da cultural e música portuguesa, mas também a nível económico terá sempre vantagens.

A Ana Rita, que acredita mais no trabalho contínuo das pessoas do que no princípio da sorte, é da opinião que os ganhos começam agora a revelar-se porque Portugal perdeu o medo de arriscar. Finalmente olham para nós com a imagem que realmente temos.

Contactos Why Portugal:

info@whyportugal.org
www.whyportugal.org

Texto: Teresa Melo

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