João Vaz Silva: A servir música para todos

Serve a música portuguesa com as duas mãos e um coração bem cheio. A ligação é bastante direta. Só não estou em palco, mas estou em todo o lado. João Vaz Silva é agente musical e não traça limites entre a sua profissão e as amizades com os músicos. Essa é a sinergia obrigatória.

Hoje é um dos agentes mais solicitados no cenário da música independente portuguesa. Trabalha a título pessoal como freelancer, mas também em estreita parceria com a editora discográfica Pataca Discos. Claro que tenho a vantagem de trabalhar com quem eu gosto mesmo e isso faz com que eu esteja mais envolvido no processo, revela entre risos.

Faz questão de acompanhar o percurso da criação musical nos seus diversos estágios até ao último e derradeiro: o público. Os meus inputs acabam por ser tomados em linha de conta e isso para mim é muito estimulante. Isto é um trabalho bastante maçador, sejamos honestos, e esse envolvimento com os músicos facilita tudo.

Chega a Lisboa a convite do desaparecido Ritz Clube, onde se estreia como programador numa escala bem maior do que estava habituado. Em 2013 integra uma agência e nesse momento os papéis invertem-se. Em vez de programar, teria que ser eu a propor as bandas para outros espaços e comecei logo a trabalhar com dois pesos pesados, o Carlos do Carmo e os GNR. Tinha também algumas bandas emergentes, com as quais ainda trabalho atualmente como os Minta & The Brook Trout. Cheguei ainda a trabalhar com os The Poppers e com Keep Razors Sharp.

A confusão entre um agente, um manager, um promotor de eventos e um assessor de imprensa, não é de todo incomum e, por vezes, supõe-se que um agente acumula todas essas funções. A sua principal posição é vender uma banda. Assim que o negócio é fechado, o agente planeia a produção do evento em si, garantindo que toda a organização seja cumprida.

A entrada na música é evidentemente cada vez mais simples, imediata e facilitada e por isso é que é esta avalanche de projetos e novidades, explica. No entanto, rotula-se demasiado essa vida nova da música portuguesa. É que não basta ser criativo, o músico tem de saber apresentar o produto. A música também é isso. Na sua opinião, neste cenário, a concretização de uma triagem efetiva e eficaz pelos media é crucial, mas sobretudo pelos ouvintes. Para chegar aí, também deve haver um trabalho nosso, dos promotores e, acima de tudo, dos próprios músicos, que atualmente já não são só músicos, porque devem estar totalmente envolvidos e saber como é que tudo funciona.

Benjamim, Bruno Pernadas, Julie & The CarJackers, Real Combo Lisbonenses, Tape Junk, They’re Heading West, You Can’t Win, Charlie Brown, Joana Barra Vaz, Time For T, MOMO, Erica Buetnner… A lista é tão extensa como os próprios circuitos. Tenho de ser muito criterioso com as propostas, confessa. Se existe alguma fórmula para que resulte? Não, mas um dos truques para manter uma boa relação com os músicos é precisamente a gestão das expectativas.

Ter a tal credibilidade que é preciso para crescer é uma coisa que demora bastante tempo a ser assimilada por quem lhes interessa. Normalmente caem-me essas bandas sem credibilidade nenhuma, di-lo soltando uma gargalhada. Isso dá-me claramente mais vontade de trabalhar, porque gosto de as ver crescer. A partir do momento em que eu assisto a esse desenvolvimento, faço parte do seu percurso.

www.aminhaagencia.com
www.patacadiscos.pt

Por: Teresa Melo
Fotografia de capa: Ana Cláudia
Fotografias: Luis Costa; Ana Cláudia

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