Tiago Saga: Tropicalmente Orquestral

Tem uma individualidade que se vai revelando. Aos poucos, liberta impressões sonoras muito particulares, do world music ao folk rock anglo-saxónico. É impertinente. É quase terapêutico. Performer natural, Tiago Saga tem a pujança certa.

Mas não caiamos no equívoco de confundir os seus dois projetos, a solo e com banda, Time For T. Tiago é o mentor e compositor da banda e, dentro dos possíveis, coloca cada canção no seu lugar. Por acaso tenho canções que só toco com a banda e não consigo tocar sozinho. Por exemplo, agora tenho umas músicas prontas para gravar que não vão ser para a banda. Vai haver um EP novo a solo para sair provavelmente no fim do verão. Já estou a começar a gravar em casa, conta. Com a banda é para a dançar, consigo é para chorar, e é ele quem o afirma entre risos. Acontece quando acontece e também é uma coisa refrescante para mim.

Depois de três EPs lançados, finalmente o ano de 2017 trouxe consigo o primeiro álbum de Time for T, Hoping Something Anything, assinado por si em todas as faixas. O EP passado, Time For T (2016), era mais uma coleção de canções, não tinha grande unidade. Desta vez, decidimos mesmo tentar captar um certo paladar de sons que fluíssem melhor, explica o músico.

Pelo meio veio uma viagem à India. “Sorry but I’m away. I will answer your e-mail on my own time”, era a resposta automática que recebia quem o tentou contactar durante dois meses. Voltei com 3 ou 4 canções novas que, na minha opinião eram melhores do que as que já tínhamos no álbum. Acho que já as tinha dentro de mim e depois tiveram uma oportunidade para sair. Das 15 canções pensadas para o álbum, foram gravadas 13. Tivemos em consideração não só as canções individuais, mas uma obra em si.

Gravado no londrino Spitfire Audio Studios, produzido pela própria banda, masterizado por JJ Golden (Rodrigo Amarante, Devendra Banhart, Vetiver) e editado pela Last Train Records, Hoping Something Anything é robusto, com anotações psicadélicas e exóticas. Portugal e Inglaterra já o ouviram. Itália recebeu-o pela primeira vez. Tocamos um grande concerto em Madrid e ninguém tinha cantado as músicas do principio ao fim daquela forma. Foi um grande concerto, diz.

“Don’t loose your opportunity to set yourself free”. Completamente livre, Tiago Saga tem mundo cheio de sons para si e nunca grande demais para os Time for T. Que hajam muitos momentos destes - tropicalmente orquestrais.

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por: Teresa Melo
capa: João Mascarenhas
fotografia: Jen O'Brien

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